AI, Não Ajude de Qualquer Jeito! 41% dos Empreendedores Abraçam Tarefas "Vermelhas", Tecnologias Fracas Fazem os Funcionários Sofrerem Mais - Aprendendo AI aos Poucos 163
Introdução
- Os trabalhadores esperam que a AI trabalhe duro, enquanto os patrões esperam que a AI elimine os trabalhadores - você busca eficiência, eles buscam demissões.
- O pior não é ser substituído pela AI, mas sim que a AI faça tarefas que você não quer fazer, e o chefe ainda ache que você é dispensável.
- É frustrante que a maioria dos empreendedores pesquise sobre o sofrimento dos trabalhadores, e não sobre os patrões.
- Quanto mais avançada a tecnologia de AI, mais fácil é encobrir as verdades cruéis da gestão que ninguém quer mencionar.
- Os funcionários sonham em colaborar, enquanto os patrões apostam na substituição - antes que a AI evolua, a confiança já foi quebrada.
O que os trabalhadores realmente querem da AI?
Uma pesquisa da Universidade de Stanford revelou a lacuna entre as expectativas dos funcionários e as capacidades da AI, destacando áreas-chave que merecem investimento em pesquisa e desenvolvimento.
A inteligência artificial está trazendo mudanças disruptivas para o mercado de trabalho. Hoje, os funcionários dependem cada vez mais da AI no dia a dia, e tecnologias de automação estão reformulando toda a economia. Empresas como Amazon e Microsoft também anunciaram demissões devido à implementação da AI.
Entretanto, além do discurso comum em chamadas de resultados e reportagens na mídia, algumas questões cruciais permanecem em aberto: o que os funcionários realmente desejam da AI? As capacidades da tecnologia atual estão alinhadas com essas expectativas?
Para responder a essas perguntas, pesquisadores do “Instituto de Inteligência Artificial Humana” (HAI) e do “Laboratório da Economia Digital” da Universidade de Stanford realizaram um estudo abrangente com funcionários e especialistas em AI nos Estados Unidos. Eles pesquisaram 1500 funcionários para esclarecer em quais cenários de trabalho a AI poderia ser benéfica e onde poderia ser prejudicial; ao mesmo tempo, entrevistaram 52 especialistas em AI para entender melhor as capacidades tecnológicas atuais. Em seguida, os pesquisadores compararam as expectativas dos funcionários com as capacidades da AI, com o objetivo de identificar oportunidades e tarefas que realmente merecem ser automatizadas.
O resumo pré-público do estudo concluiu que os funcionários desejam principalmente usar a AI para lidar com tarefas repetitivas, enquanto almejam manter controle e supervisão sobre essas ferramentas de AI. Entretanto, é alarmante que a pesquisa também revelou um grande desalinhamento entre as expectativas dos funcionários e as capacidades reais da AI.
Os resultados também indicaram que o tipo de trabalho que pode proporcionar salários mais altos está mudando: a remuneração por trabalhos de análise de informação tradicional pode cair, enquanto a valorização de habilidades interpessoais e inteligência emocional deve aumentar.
“À medida que a força de trabalho evolui, entender e fechar a lacuna entre as expectativas dos funcionários e a realidade das capacidades da AI é crucial para as organizações que buscam integrar com sucesso a tecnologia de AI”, afirma Diyi Yang, coautor do estudo e professor assistente de Ciência da Computação da Universidade de Stanford e membro do HAI. “Este relatório oferece um ponto de referência oportuno e estruturado para avaliarmos o estágio atual do desenvolvimento da AI.”
O que os funcionários desejam
Os pesquisadores entrevistaram 1500 funcionários de 104 profissões diferentes para entender onde eles desejam automatização e onde resistem a isso.
A confiança é a maior preocupação dos funcionários: 45% dos entrevistados expressam dúvidas sobre a precisão e confiabilidade dos sistemas de AI, 23% temem perder seus empregos e 16% estão preocupados com a falta de supervisão humana. Muitos entrevistados se preocupam especialmente que a AI invada trabalhos criativos ou seja utilizada para gerenciar comunicações com fornecedores e clientes.
Por outro lado, eles abraçam com entusiasmo a automação que pode liberar seu tempo para realizar trabalhos de maior valor (69,4%), reduzir a repetitividade das tarefas (46,6%) e melhorar a qualidade do trabalho (46,6%). Especificamente, eles apoiam a automação em tarefas como agendar reuniões com clientes, manter arquivos de informações ou corrigir erros em registros.
O estudo também investigou a preferência dos funcionários em relação ao nível de envolvimento da AI. A maioria dos entrevistados prefere um modelo colaborativo, com 45,2% desejando estabelecer uma parceria igualitária com a AI e 35,6% preferindo supervisão humana em pontos críticos. Os pesquisadores ressaltam que isso indica claramente a resistência dos funcionários a sistemas totalmente automatizados.
Em geral, os funcionários preferem uma parceria colaborativa equilibrada com a AI.
“Essas descobertas sugerem que a AI deve assumir um papel auxiliar no local de trabalho, liberando os funcionários de tarefas de baixo valor ou tediosas, em vez de substituí-los”, afirma Erik Brynjolfsson, autor do estudo e diretor do Laboratório da Economia Digital de Stanford.
Revelando a lacuna
A equipe de pesquisa, com o conhecimento dos especialistas em AI, dividiu as tarefas de trabalho em quatro áreas:
- Área Verde: Tarefas em que a disposição dos funcionários para automatizar é alta e as capacidades da AI também são fortes.
- Área Vermelha: Tarefas em que a disposição dos funcionários é baixa, mas as capacidades da AI são fortes.
- Área de Oportunidades de Pesquisa e Desenvolvimento: Tarefas em que os funcionários estão dispostos a automatizar, mas as capacidades da AI ainda são insuficientes.
- Área de Baixa Prioridade: Tarefas em que tanto a disposição dos funcionários quanto as capacidades da AI são baixas.
Ao mapear a aplicação real de AI das empresas nessas quatro áreas, a equipe encontrou uma discrepância significativa: 41% das tarefas caíram nas áreas “Baixa Prioridade” e “Vermelha”, o que significa que muitas aplicações da AI no chão de fábrica são indesejadas pelos funcionários ou tecnicamente difíceis de implementar. Isso inclui a redação de conteúdo criativo ou a preparação de agendas de reuniões. Outras tarefas estão na “Área de Oportunidades de Pesquisa e Desenvolvimento” - há demanda dos funcionários, mas a tecnologia ainda não está madura. Essas tarefas incluem monitorar orçamentos e elaborar planos de produção.
Após classificar as expectativas dos funcionários e as capacidades avaliadas pelos especialistas em AI nas quatro áreas de tarefas, descobrimos um desalinhamento entre o que os funcionários desejam e a viabilidade técnica.
“Este mapa destaca uma necessidade urgente: precisamos aumentar o investimento em pesquisa nas tarefas da ‘Área de Oportunidades de P&D’”, enfatiza Brynjolfsson. “Somente assim podemos alinhar melhor as futuras tecnologias de AI com oportunidades de alto impacto que ainda não foram completamente exploradas.”
Mudança no Valor das Habilidades
Os acadêmicos afirmam que, à medida que a AI e a automação redefinem o trabalho, a importância das habilidades dos empregados também pode evoluir. Para explorar essa mudança, eles analisaram dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA e compararam o valor de várias habilidades com aquelas que são mais difíceis de substituir pela AI.
Aqui, eles descobriram algumas regras interessantes. A análise sugere que as habilidades bem remuneradas atuais - como análise de dados e monitoramento de processos - podem perder valor. Em contrapartida, habilidades relacionadas a priorização de trabalho, planejamento organizacional, orientação e comunicação eficaz irão ganhar importância.
Ao comparar as médias de salários e os níveis de domínio humano necessários para diferentes habilidades, notamos que o valor das capacidades humanas essenciais está mudando - de habilidades de processamento de informações para habilidades interpessoais.
“Prevemos que a demanda por habilidades relacionadas à análise de dados diminuirá, uma vez que a AI já mostrou grande capacidade nessas áreas; enquanto habilidades que necessitam de interação e coordenação humana serão cada vez mais valorizadas”, diz Diyi Yang. “Essas descobertas oferecem uma perspectiva inicial sobre como a integração da AI pode reformular as competências centrais da força de trabalho.”
Por que as preferências dos funcionários são cruciais?
“À medida que as capacidades dos sistemas de AI se tornam mais robustas, as decisões das empresas ao implantar esses sistemas muitas vezes se baseiam na viabilidade técnica - no entanto, os funcionários são o grupo mais afetado por essas mudanças e em quem a economia final depende”, diz Yijia Shao, doutorando no Departamento de Ciência da Computação de Stanford e responsável pelo projeto. Incluir a perspectiva dos funcionários é crucial não apenas para garantir a aplicação ética da tecnologia, mas também para construir sistemas que possam ser confiáveis, aceitos e realmente eficazes na prática. Isso também ajuda a revelar oportunidades negligenciadas e guiar mais inovações “centradas no ser humano”, beneficiando o desenvolvimento da própria tecnologia.
Embora esta pesquisa seja a primeira a examinar em larga escala as preferências dos funcionários versus as capacidades tecnológicas, os pesquisadores reconhecem que esse trabalho deve ser atualizado continuamente para acompanhar o rápido avanço da AI. Para as empresas que desejam aplicar AI com sucesso e os funcionários que esperam colaborar eficazmente com a AI, manter-se atualizado será a chave para o sucesso.